Pierre –Alexandre Skovsky (1919-1940): filho de pai russo e de mãe suíça, este rapaz foi um modelo de precocidade em todos os domínios. Aos nove anos, foge de casa e erra durante quatro meses pelas estradas da Europa antes de os guardas o deterem e reconduzirem ao domicílio familiar. Aos treze anos, especula na bolsa, ganha uma fortuna e compra vinte hectares de vinha que a filoxera devasta logo a seguir. Aos quinze anos, tem dois filhos: o primeiro morre ao nascer, ao mesmo tempo que a sua mãe; o segundo, filho de uma senhora da sociedade quase menopáusica, nasce idiota e desprovido do braço esquerdo. Aos dezasseis anos, escreve a sua autobiografia, Um Jovem Apressado. Entre os dezassete e os dezanove anos, redige seis romances, dois dos quais em russo, casa-se, divorcia-se, passa seis meses na prisão por burla, converte-se ao catolicismo e perde um olho num acidente a cavalo. Aos vinte anos, queima todos os seus manuscritos, reescreve-os e queima-os de novo – escapa apenas a segunda versão de Um Jovem Apressado. Um ano mais tarde, mete uma bala na cabeça depois de ter garatujado as seguintes palavras no canto de uma mesa: “Vivi bem; estou a envelhecer. Vou-me embora.”
Bernard Quiriny, Contos Carnívoros, Edições Ahab