Tenho saudades. Tenho febre em destoar pelas saudades de mim. Nostalgia terrível do espaço onde é possível assistir-me. Quero estar só no modelo ideal provocado pela escuridão, embrionário das primeiras ânsias, nesse típico fogo belo e desordenado.
Querer unicamente seguir – ser engolido a partir de dentro, em gestos não violentos além da visibilidade das cores desbotadas e de canais retorcidos como ferros maleáveis. Quero amplamente voltar – implodir de um extremo ao outro, poupando-me ainda à configuração do instrumento do ruído, cavalgando na geometria disseminada do arco-íris, suficientemente longe para não estalar gotículas de medo.
Quero enganar-me. Destoar com precisão biológica. Tentar-me desprovido dos ensinamentos exteriores, o mesmo que esquecer transcendentes enunciações filosóficas, o mesmo que desarticular a convergência dos saberes civilizacionais. Querer travar a luta do mito da realização não pela cultura colectiva, mas sim pelo incompleto em relação ao absoluto da minha ilusão potencial. (Ilusão é a alma).
O poder de distrair-se na direcção certa… transportar, sem disso ou alguém dar conta. Pois se tudo levo não é mais do que fortalecer uma exclusiva pessoalidade. E se não trago nada nem ninguém, posso finalmente aproximar-me da música reproduzida pela repetição da orquestra selvática do mundo, na qual me interponho no silêncio do sol.