julho 31, 2010

Diário a Beatriz/dia dois

Em contacto constante com naturezas mortas é natural que as minhas mãos vivas transmitam à minha cabeça a desolação do infinito. Aridez. Um vulto vagueará tal aridez, mas ainda não cheguei a essa distância. Por enquanto as portas, a chuva, as sirenes, os tufões. Numa revolta constante para saber qual deles chegará com sucesso aos meus ouvidos e irá conseguir aceder secretamente à nuca dos meus olhos, o esconderijo mais cobiçado por todos os parasitas.
Saí de casa e voltei com Shutter Island, o último de Scorsese, gostei do início e do fim, mas não percebi o que anda lá pelo meio.
Existe um grande preconceito relativamente à loucura. Se conseguíssemos perceber a ilusão calculada em que vivemos, talvez não desprezássemos tanto a sinceridade em favor do pragmatismo.