Diário a Beatriz/dia três
Tu lutas e eu vejo-te lutar como se eu fosse um cadáver; contra o Outono e o Inverno. E sei que não fizeste nenhuma conta, não traçaste qualquer objectivo, continuarias a lutar mesmo que eu não estivesse aqui, e nessa altura evocarias o meu nome contra o vento e não cessarias de o chamar como se ele próprio fosse a causa do teu cansaço, da tua doença, da tua morte. Não que isto se chame amor, mas é a vida, o seu canto reverencial que reúne em si o milagre que nos une.