Pela minha parte fico ansioso quando estou com alguém extremamente preocupado em aproveitar o momento que nos ocupa – é sinónimo de incomodidade para o meu lado. Se não fosse por receio do conflito deixaria o companheiro ir à sua vida aproveitar como mais lhe conviesse, livrando-me do desconforto dos seus anseios imediatos. Faço parte por natureza daqueles que não se sentem obrigados a servir-se da extensa variedade de prazeres, não querendo que confundam com a ideia de que não sou propenso a vícios e paixões. Se há algo que me satisfaz é ficar distraído na medida que o tempo pára e o movimento à minha volta responde à velocidade que estou ligado. Nesse quase sempre inesperado e lucrativo momento é possível que dê azo a algum tipo de irresponsabilidade fruto da distorção a que o tempo fica sujeito. Não esqueço que por uma vez ou outra encontro-me na tentação de fazer o que me apetece. Nessa altura tenho uma solução – estar só, estado que ninguém de boa fé poderá negar ao seu semelhante.
junho 11, 2011
Fecho 479
A vida é rara e andamos todos desejosos de aproveitar. Aproveitar como e o quê? Estaremos realmente a perder mil e uma coisas? Alguns escolhem dormir pouco porque não tem tempo para perder, outros sentem que são recompensados quando dormem muito. Muitos zangam-se com os seus pares quando estão de férias ou quando realizam viagens aguardadas com expectativas fartas porque não toleram que o tempo idílico esperado durante grande parte do ano seja perturbado. Talvez a sociedade devesse organizar-se de maneira a possibilitar a cada pessoa um conjunto aceitável de realização de vontades pelo menos um dia no ano, satisfazendo inclusive caprichos que não abalassem sumariamente as leis dos homens.