Ai se pudéssemos contar todos os sonhos e visões já soprados nas alvoradas dos tempos. Espantados ficaríamos com tantos enganos. Mas um não. Um que traz todos não é engano. É o próprio sopro. É o ar enluvado a dar conta de si. É a vida que não parte de nós. Tem de ser a vida para a qual fomos convidados. Deus existe e não existe e não anseio confirmar que Deus existe e não existe mas ter por certo que sou eu que digo isto. Se a fina película disfarçada de adaptável sombra protege é porque há uma forma para salvaguardar. Um sopro é o que vem de Deus para o homem que nenhuma treva pode abafar. Às vezes, quando sonho que existem milhões de deuses e um só homem, basta-me ser um deus, como os que não precisam de possuir espaço para a voz. Como aqueles - que certamente deste conta nos dias que escutaste o vento - se derramam no próprio sopro.
Viver é provar que estamos vivos. E senão o soubermos demonstrar nunca acabaremos por nascer. Tudo não passará de uma simulação que não verá a luz do dia ou de um convite personalizado que não chegou a ser impresso. Não interessa que procure o pulsar da vida imitando aquele que teve de nascer para estar mais perto do nada factual. Tem de ser.